Cartas de Valor

Não existe neutralidade em tempos de ruptura.

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Não existe neutralidade em tempos de ruptura.

Caro leitor, em momentos de estabilidade, a mediocridade se camufla com competência. Mas em tempos de ruptura, tudo o que é frágil revela sua essência.

Estamos, novamente, em um desses momentos.

E essa carta de hoje não é sobre te confortar, é sobre te alertar com lucidez.

O mundo está se desglobalizando. E ninguém te avisou no noticiário.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, vivemos sob uma premissa quase sagrada: a de que o comércio internacional, a interdependência e a paz entre grandes potências eram irreversíveis.

Esse mundo foi costurado em 1944, nos salões de Bretton Woods, onde os EUA impuseram sua nova ordem monetária e inauguraram um século dolarizado, disciplinado pelo FMI e ancorado em Washington.

Mas o que foi firmado ali com ideais liberais e pragmatismo geopolítico, hoje se desfaz diante de uma nova Guerra Fria, só que agora sem ideologia clara, e com mais armas financeiras do que tanques.

🇺🇸 EUA x 🇨🇳 China x 🇷🇺 Rússia — o tabuleiro se realinhou

Enquanto o Ocidente se perde em hiperinflação institucional e polarizações emocionais, a China constrói sua influência com obras de infraestrutura, acordos comerciais e dependência tecnológica.

A Rússia, enfraquecida em suas frentes militares, busca manter relevância por meio de instabilidade, ela não quer vencer, só quer que os outros percam a previsibilidade.

Essa combinação gera um efeito perigoso:

  • O dólar é questionado, mas ainda não há sucessor.

  • As cadeias produtivas estão fragmentadas.

  • A confiança nos tratados internacionais diminui.

  • E as democracias liberais estão em crise de identidade.

O investidor que ignora essa transformação age como quem ainda compra ações com base no IBOV de 2007.

Polarizações: da política ao patrimônio

Você pode ser liberal ou progressista. Religioso ou agnóstico. Conservador ou reformista. Mas no mundo dos investimentos, não existe espaço para torcida ideológica.

Investidores que rejeitam ativos em dólar porque não gostam de Biden ou do Trump, ou que ignoram o Brasil por raiva do STF, estão agindo como torcedores — não como estrategistas.

“Você está escolhendo ativos ou validando crenças?”

Investir globalmente é proteger-se da ignorância institucional

O real já perdeu mais de 550% de valor frente ao dólar desde 1994.

A B3 representa apenas 0,6% das bolsas do mundo.

E a elite econômica brasileira ainda vive presa na dicotomia local: Selic vs. Ibovespa.

Enquanto isso, investidores globais estão posicionados em: Mais de 9.500 empresas de 70+ países (via um simples ETF VT) Moedas fortes como USD, CHF, SGD Setores inacessíveis pela B3 (AI, semicondutores, defesa, luxo, biotec) Modelos antifrágeis, que funcionam com ou sem Brasil

E o mais importante: com visão de 10, 20, 30 anos, e não no desespero do próximo IPCA.

O Brasil pode (e deve) estar no portfólio — com prudência. Não se trata de negar o país.

O Brasil tem ativos resilientes, empresas inovadoras e uma geografia privilegiada.

Mas o risco soberano brasileiro precisa ser precificado com honestidade: ❌ Fragilidade institucional ❌ Ciclos fiscais viciados ❌ Volatilidade cambial crônica ❌ Interferências políticas em setores estratégicos

O espaço voltou ao centro do jogo — e não é ficção.

Durante a Guerra Fria, a corrida espacial entre EUA e URSS era muito mais do que ciência. Era soberania em órbita, narrativa geopolítica e controle da infraestrutura invisível.

Décadas depois, essa disputa voltou — mas agora com empresas privadas, capital de mercado e novos atores estratégicos como China e Índia.

E os objetivos vão além da Lua:

  • Satélites de comunicação e espionagem

  • Controle da infraestrutura de dados e nuvem

  • Mineração espacial (como o Projeto Artemis e missões lunares indianas)

  • Soberania orbital: quem dominar o espaço próximo à Terra, dominará o tempo, os dados e a guerra

Empresas como Lockheed Martin, Raytheon, Boeing, Northrop Grumman, Amazon, SpaceX já estão posicionadas.

“O espaço será o próximo grande canal de influência — e quem não estiver lá, será observado, não protagonista.”

Enquanto alguns discutem a reforma tributária em Brasília, a próxima geração de riqueza já orbita acima das nuvens.

Conclusão: não há mais neutralidade possível

O mundo está sendo reconstruído em silêncio.

E como em 1945, os mais atentos sairão na frente, enquanto os ingênuos continuarão esperando que “agora vai”.

Você pode não conseguir prever tudo.

Mas pode escolher não estar vulnerável a uma única moeda, governo ou narrativa.

“A única maneira de lidar com o futuro é preparar-se para ele.” — Charlie Munger

Essa é a proposta desta carta. Fazer com que sua estratégia esteja no mundo real — e não em promessas eleitorais.

Com apreço e respeito,

Victor Giorgi
Especialista em Investimentos Globais.

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