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Liberdade, Extremismos e Patrimônio Global em Tempos Turbulentos

Escrevo esta carta em primeira pessoa porque não é apenas uma análise: é também um testemunho.

Depois de mais de duas décadas como comandante de aeronaves e agora como investidor e consultor global, aprendi que atravessar crises exige algo maior do que cálculos matemáticos — exige lucidez filosófica, memória histórica e disciplina prática.

O que o mundo vive hoje não é inédito, mas é perigoso: extremos ideológicos voltaram a ocupar o centro do palco.

De um lado, uma ultradireita que confunde força com virtude e tenta dobrar instituições à sua vontade.

Do outro, um coletivismo de intenções nobres que acredita poder moldar o ser humano por decreto, sufocando a liberdade individual em nome de uma igualdade artificial.

Ambos, em essência, são faces da mesma moeda: a tentativa de controlar a vida de todos por narrativas que prometem ordem, mas entregam fragilidade.

A história já nos mostrou muitas vezes que extremos corroem nações, economias e patrimônios.

Meu objetivo nesta carta é costurar esse fio histórico e filosófico até os impactos concretos na sua vida, no seu portfólio e no futuro da sua família.

1.⁠ ⁠Quando os extremos comandam a história

Roma não caiu por falta de riquezas, mas por perder equilíbrio. A República deu lugar ao império e, depois, à decadência. A sociedade tornou-se refém do pão e circo, enquanto generais e senadores brigavam pelo poder. A lição: excessos corroem até civilizações robustas.

Na Revolução Francesa, vimos algo parecido. Ideais de liberdade, igualdade e fraternidade rapidamente foram capturados pelos jacobinos, que em nome da virtude instalaram o terror. Bastou uma geração para que o sonho iluminista se transformasse em guilhotina.

O Império Otomano, por séculos o centro do mundo, sucumbiu não apenas a pressões externas, mas também à incapacidade de se reformar diante de novos tempos. O excesso de centralização e dogmatismo corroeu por dentro o que parecia eterno.

No século XX, assistimos ao mesmo padrão. A ascensão do nazismo na Alemanha e do comunismo stalinista na União Soviética mostrou como extremos podem capturar massas inteiras. Ambos destruíram liberdades em nome de projetos grandiosos. Hannah Arendt chamou isso de a “banalidade do mal”: não era preciso monstros, bastavam homens comuns convencidos de que a exceção era normal.

E mesmo quando não houve ditaduras plenas, os excessos ideológicos moldaram economias: o isolacionismo dos EUA dos anos 1930, a Revolução Cultural chinesa nos anos 1960, o populismo inflacionário da América Latina em décadas recentes. O resultado sempre foi o mesmo: instabilidade, perda de confiança, destruição de riqueza.

Hoje, vemos novamente o pêndulo balançar.

2.⁠ ⁠O mundo contemporâneo: polarização e fragmentação

Vivemos um tempo de polarização global. Os EUA, que sempre foram farol de estabilidade institucional, estão cada vez mais divididos internamente. A Europa enfrenta o avanço de movimentos nacionalistas. A América Latina continua no ciclo vicioso entre populismos de direita e de esquerda. A China, pragmática, aproveita os espaços deixados pelo Ocidente para consolidar seu modelo.

A consequência é clara: menos cooperação, mais atrito. O comércio global, que por décadas foi motor de prosperidade, sofre com tarifas e incertezas regulatórias. Organismos como WTO, FMI e OECD já quantificam o custo da fragmentação: cadeias de produção mais caras, investimentos represados, crescimento menor.

A pergunta que fica é: como proteger não apenas seu patrimônio, mas sua liberdade, em meio a esse cenário? Se quiser que eu analise sua carteira, olhando para o hoje e para o amanhã, se aplique aqui para um diagnóstico de carteira gratuito.

3.⁠ ⁠Filosofia como bússola: por que penso assim

Não me guio apenas por números, mas por ideias que moldaram séculos.

  • Ayn Rand, em A Revolta de Atlas, dramatizou o risco do coletivismo que pune quem cria valor. Sua mensagem central permanece atual: quando a excelência é confiscada, a inovação se retira.

  • Hannah Arendt mostrou que regimes totalitários não nascem apenas de tiranos, mas da adesão passiva de milhões que abrem mão do julgamento individual.

  • Isaiah Berlin distinguiu liberdade negativa (ausência de coerções) de liberdade positiva (capacidade de autodeterminação). Perder esse equilíbrio é abrir a porta para tiranias.

  • Tocqueville alertou para a “tirania da maioria”, lembrando que até democracias podem esmagar o indivíduo em nome do consenso.

  • Ortega y Gasset, em A Rebelião das Massas, descreveu o “homem-massa”: arrogante, avesso à excelência, hostil à verdade. Leio isso e vejo paralelos claros com as bolhas das redes sociais.

  • George Orwell, em 1984, mostrou como a manipulação da linguagem pode aprisionar mentes antes mesmo de aprisionar corpos.

  • Albert Camus ensinou que, diante do absurdo, a resposta é viver com lucidez — exatamente o que precisamos quando os mercados parecem irracionais.

  • Dostoiévski, em Os Irmãos Karamázov, colocou o dilema central: será que preferimos a segurança da servidão ou a angústia da liberdade?

Esses autores não me dão respostas prontas, mas moldam meu olhar: a liberdade individual é o ativo mais escasso e valioso da história humana. E protegê-la exige tanto filosofia quanto prática.

4.⁠ ⁠Psicologia comportamental: como caímos nos extremos

O investidor não está imune ao que acontece na política. Nossos cérebros têm vieses que nos empurram para os mesmos erros que derrubaram sociedades:

  • Viés de disponibilidade: supervalorizamos o que está mais visível — como manchetes de crise.

  • Viés de confirmação: buscamos apenas o que confirma nossa ideologia ou tese de investimento.

  • Aversão à perda: preferimos não perder a ganhar mais, mesmo que isso signifique perder valor ao longo do tempo.

  • Efeito manada: seguimos a multidão, mesmo sabendo que ela muitas vezes caminha para o abismo.

Assim como sociedades inteiras se entregam a extremismos, investidores individuais podem se deixar capturar pelo medo ou pela euforia. Reconhecer esses padrões é o primeiro passo para evitá-los.

5.⁠ ⁠Impacto nos investimentos: o custo da fragmentação

Os extremos ideológicos produzem consequências práticas nos mercados:

  1. Tarifas e subsídios descoordenados: aumentam custos e reduzem produtividade.

  2. Risco regulatório: empresas adiam investimentos, valuations caem.

  3. Desconfiança institucional: capital global busca portos seguros, elevando prêmios de risco.

  4. Blocos econômicos fechados: diminuem liquidez e encarecem a diversificação.

O FMI e a OECD já alertaram: a fragmentação geoeconômica pode reduzir o PIB global em vários pontos percentuais na próxima década. Isso significa mais volatilidade e menos crescimento.

6.⁠ ⁠Estratégia antifrágil: patrimônio como sistema, não aposta

A resposta não é apostar em um ativo “salvador”. A resposta é construir sistemas robustos. Minha arquitetura é em camadas:

  • Núcleo global: ETFs amplos como VT (global total market) ou ACWI, que refletem o mundo real. Brasil representa menos de 1% do mercado global; concentrar-se aqui é irracional.

  • Satélites descorrelacionados:

    • Ouro, que historicamente tem correlação negativa em crises.

    • REITs, que protegem parcialmente contra inflação via aluguéis.

    • Bonds e TIPS, que dão estabilidade e proteção em cenários de juros.

    • Temas estratégicos: energia, minerais críticos, tecnologia — sempre com limites de exposição.

    • Diversificação de jurisdições: não confiar em um único país ou sistema jurídico.

Essa arquitetura permite atravessar crises sem depender de narrativas ideológicas.

7.⁠ ⁠Legado: riqueza como liberdade transmitida

Não construo patrimônio apenas para mim. Construo para que meus filhos entendam que riqueza é liberdade, tempo e propósito. Não é exibir luxo, mas garantir escolhas.

Roma caiu porque perdeu propósito. A Revolução Francesa fracassou porque confundiu igualdade com tirania. O século XX provou que extremos podem destruir nações inteiras. Minha missão é garantir que meus filhos e clientes não precisem reviver essas lições pela dor.

Investir globalmente, com disciplina e multilateralismo, é também um ato de responsabilidade ética: é proteger o futuro de quem vem depois.

8.⁠ ⁠Conclusão: viver com lucidez em meio ao caos

Não me iludo: o mundo continuará barulhento. Extremistas continuarão a prometer soluções fáceis. Mas minha convicção é clara: nem a ultradireita nem o coletivismo radical construirão prosperidade duradoura. O que protege é equilíbrio, disciplina e liberdade.

Na aviação, eu não prometia céu de brigadeiro. Eu preparava rotas alternativas, calculava combustível extra, revisava checklists. No investimento e na vida, faço o mesmo: menos certezas grandiloquentes, mais sistemas antifrágeis.

Se a história nos ensina algo, é que os extremos sempre acabam corroendo aquilo que dizem proteger. Meu compromisso é manter a rota no meio das turbulências, com olhos fixos no horizonte: liberdade, responsabilidade, família, tempo e propósito.

E se você quiser minha ajuda para realizar um diagnóstico gratuito da sua carteira e vida financeira, se aplique nesse link.

Até a próxima carta de valor .

— Victor Giorgi, Fundador da VGI+ Investimentos Globais

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