Cartas de Valor

Como “pilotar” seus investimentos em meio à turbulência

Olá, Investidor! Tudo bem? Bem‑vindo(a) à Cartas de Valor, a minha newsletter sobre finanças e investimentos que vai além do dinheiro, abordando família, propósito e legado.

Obrigado por ter se inscrito. Espero que aproveite a leitura.

Antes de mergulhar em números, precisamos compreender o céu em que estamos voando.

Instabilidade à vista

O mundo vive um tempo instável novamente depois de duras lições vividas no século passado com muita similaridade a períodos críticos da nossa história.

⚠️ Tensões geopolíticas reais em diversos eixos altamente críticos mundo afora;

💥 Mercados mudando sua forma de reagir.

🔄 Inflação, juros, moedas e governos mudando de rumo com o vento, porém ao mesmo tempo contrariamente ao senso comum, o ser humano vive uma cultura hedonista muito similar a década de 20 do século passado, pós 1º grande guerra mundial.

Esse é o tipo de cenário que, na aviação, chamamos de IMC — Instrument Meteorological Conditions — quando você não pode mais confiar na visibilidade externa, apenas nos instrumentos.

Nos investimentos vale a mesma regra: clareza mesmo sob céu cinzento, processos bem definidos, camadas de segurança e a disciplina de permanecer no voo em condições adversas.

Mas antes de entendermos como podemos nos preparar para tomar decisões com clareza e inteligência diante deste cenário, queria te contar um pouco como os investimentos entraram na minha vida.

Do comandante ao investidor: a transição forçada por amor

Durante mais de duas décadas, estive à frente de jatos comerciais.

Fui o primeiro analista de segurança de voo do Brasil, sou formado em investigação de acidentes por fadiga humana pelo NTSB, com especializações em risco global (Yale) e psicologia comportamental (Chicago) fora diversas certificações de instituições como ITA no Brasil e de peso globalmente.

Lidava com decisões técnicas e vidas reais, todos os dias.

Mas nenhuma dessas formações me preparou para a decisão mais importante da minha vida.

Um dos momentos mais difíceis foi quando decidimos parar de voar.

Falo decidimos, pois foi uma decisão familiar.

Não por falta de paixão, mas por compromisso com o que importa, minha família.

Tenho um filho com uma síndrome genética rara, que exige entrega, constância, equipes multidisciplinares e proteção emocional.

E também sou pai de uma menina incrível, com uma mente bem a frente de sua idade que cresceu me vendo com uniforme, morando na mala com rotinas imprevisíveis juntamente com minha esposa, uma pessoa doce, dedicada mais guerreira.

Eu não podia mais viver com uma mala sempre pronta para decolar, simplesmente porque minha família poderia colapsar, não poderíamos ter uma pane catastrófica.

Então, aterrissei e tive como conduta queimar o Barco!

Queimar o Barco? Como assim?

Queimar os barcos é uma metáfora poderosa que vem dos tempos dos vikings.

Conta-se que, ao chegar em território inimigo, alguns líderes ordenavam que seus próprios barcos fossem queimados. Isso significava uma coisa: não havia volta.

A única opção era avançar, lutar, conquistar — ou morrer tentando.

Hoje, usamos essa expressão para representar comprometimento total com uma decisão, eliminando rotas de fuga e abraçando o desafio com coragem e foco e é o que sempre fiz e faço!

Mas que fique claro: eu só pude fazer essa transição com segurança porque já investia há quase 2 décadas.

Só foi possível mudar de rota e continuar provendo porque construí, com consistência, uma estratégia que respeita os riscos da vida.

A vida e o mercado compartilham um princípio: não há voo livre

Tanto na aviação quanto no mercado financeiro, você aprende rápido: a liberdade real não está em evitar riscos, mas em entender que pouca coisa está sob seu domínio.

Nos céus, isso exige checklist, rotina operacional, CRM, leitura de meteorologia, redundância.

Nos investimentos, isso exige:

• Diagnóstico realista do portfólio
• Exposição global inteligente
• Proteção e entendimento do risco assumido
• Entender vieses — e zero espaço para improviso ou impulsos por ansiedade

Hoje, meu patrimônio e minha estratégia é construída com lógica de cockpit:

🛫 Plano de voo
🛬 Alternativa de pouso
⛽ Gestão de autonomia
🧠 E leitura humana em primeiro lugar

O erro que cometi — e que muitos ainda cometem

Mesmo com essa bagagem, quando comecei, cometi erros clássicos como:

  • Subestimei riscos locais

  • Ignorei sinais no radar

  • Colocava dividendos em primeiro lugar

  • Lógicas de investimentos de outros investidores que não cabiam na minha estrutura.

E foi ali que aprendi: a diferença entre voar e apenas subir é o plano de descida.

Quem investe sem saber onde vai descer, vai cair.

Como você pode começar, com comando, não com atalhos.

Você não precisa pilotar.

Mas precisa pensar como alguém que leva sua família a bordo com você:

  1. Tenha instrumentos — não voe por instinto

  2. Avalie riscos reais — não ignore

  3. Diversifique com propósito — não por medo

  4. E principalmente: assuma o manche da sua vida financeira

Investir sem método é como voar dentro das nuvens com os instrumentos desligados.

Essa carta não é só sobre finanças.

É sobre liderança, responsabilidade e legado.

Seja o comandante de sua vida!

Toda semana, vou compartilhar com você como atravessar tempos incertos com lucidez, visão global, finanças, família , trabalho e uma estratégia que sobrevive ao caos com suavidade, cultura geral, dados, sinceridade entre vários outros tópicos para de fato ser uma carta de valor que receberá toda semana.

Se isso faz sentido para você, bem-vindo a bordo.

👨‍✈️ your captain speaking ….

Um grande abraço,
Victor Giorgi. ✈️

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